Foto: Divulgação/Paramount PicturesA estreia dessa semana traz aos cinemas um clássico das histórias em quadrinhos:
Watchmen. Escrita na década de 1980 pelo talentosíssimo Allan Moore – também escritor de “V de Vingança”, a série, ilustrada por Dave Gibbons, foi considerada um marco na evolução dos HQs americanos e popularizou o formato grafic novel – romance visual, até então pouco explorado pelo mercado.
A trama, situada em 1985, introduz um pais a beira de uma guerra nuclear em que os super-heróis deixam de lado suas identidades secretas para reconquistar suas vidas. O misterioso assassinato de um dos nomeados Vigilantes coloca deixa seus companheiros em alerta suspeitando de um complô contra o grupo.
O diferencial de Watchmen é o retrato destes semideuses como indivíduos verossímeis, que enfrentam problemas éticos e psicológicos. Seres que lutam contra neuroses e defeitos, afastando o arquétipo e os super-poderes tipicamente encontrados nas figuras tradicionais do gênero.
Durante anos, produtores tentaram adequar a grafic novel a fórmulas inadequadas de fácil apelo ao público. Mas graças a força da Warner Bros, o projeto chegou às mãos do cineasta – e também fã de quadrinhos – Zack Snyder, que já havia conquistado o público com Madrugada dos Mortos e 300.
Snyder deu movimento ao brilhante enredo de Moore e os traços clássicos de Gibbons, mantendo intacta suas idéias. Afinal, Watchmen vai além dos gibis de super-heróis. Ele é um universo de discussões sobre os atos e decisões humanas. O filme, assim como a versão impressa, não é uma experiência fácil para se ter uma única vez. É preciso amadurecimento e análise.
Uma peça que será duramente criticada pelos fãs de blockbusters “sessão da tarde”, e reverenciada futuramente, quando as idéias apresentadas forem fragmentadas em artigos e livros. Nitidamente “interrompido” pelos finais de capítulos da grafic novel, o filme de 2h36 chega a ser um pouco cansativo, podendo ter sua história repartida em alguns títulos como “Batman”, “X-Men” e outros enredos heroicos da atualidade.
Mas como já havia dito, Watchmen é único. Diferente e ousado por colocar em questão a moral de seus personagens levando ao próprio julgamento final. Comediante, Rorschac, Espectral, Veidt e Coruja são tão humanos quanto qualquer um de nós. Com poderes e fraquezas, amor e ódio como qualquer imortal. E Dr. Manhattan, um ser superior que vive em uma balança entre suas emoções humanas e sua indiferença divina.
Fico grata por, finalmente, Hollywood produzir um filme adulto e contemporâneo que cabe espetacularmente na realidade egocêntrica e individualista da sociedade moderna.
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