O limite entre o silêncio e a tortura

Me cortaram da garganta ao ventre e pediram para que eu andasse entre as pessoas como se nada tivesse acontecido. Ou pelo menos, como se aquilo fosse normal e eu tentei. Juro que tentei, mas fracassei.

Não tive palavras para descrever o quanto aquilo foi rápido e desnorteador, e ainda é! Não tive tempo para perguntar o porquê, nem para ter uma resposta, mas a dor veio dilaceradora, sem sangue, sem som... Uma dor nunca dantes sentida por mim, mas já por muitos ao meu redor. Não tem fim, porque ainda está em mim. Ainda estou com meus órgãos expostos para todos. Estou fraca, me sinto frágil como nunca!

Meu coração bate mais fraco e mais devagar, com vontade de parar. Com vontade de ficar quietinho como as noites bem dormidas. Durante à noite, a dor não veio. Eu tentei dormir. Tive um pesadelo. Ouvi a desistência "Estou cansado". Será a falta de vontade de estar ao meu lado, será o medo dos obstáculos ou será a desistência?

Desistência de mim. De uma vida em comum. De planos, de bons momentos, de olhares, de beijos, de carícias, de mim! Não posso obrigar nada nem ninguém a seguir comigo meus passos, duros ou não, na vida! Não seria justo. Não nesse momento, nem em nenhum outro. Não quero nada por pena. Mas se há uma coisa que eu acredito nessa vida é que tudo se conquista com grande esforço e que tudo vale a pena, se a alma não é pequena, como diria Fernando Pessoa. Tenho fé que Deus ilumunará os nossos caminhos para que consigamos a nossa felicidade.